11 de dezembro de 2009

Efêmero

Eu vou passar,
assim, como passaram
os que vieram antes de mim.
Longe estão meus avós, meus brinquedos de menina,
longe está a casa da minha infância...
Longe estão as costuras, os vestidos de tecido xadrez e florido
Tudo aos poucos se esvaindo...
Os perfumes perdem suas essências,
os papéis amarelam, as fotografias desbotam...
Tudo hoje me parece distante,
tudo parece estar indo,
tudo hoje me parece hoje tão efêmero...

7 de dezembro de 2009

A poesia da imagem

Ele

Tenho sentido um cansaço diferente...
Um cansaço de ter que ser.
Que bom seria ter tão somente
a exaustão do ofício ao sol,
do labor braçal.
Mas, ter que ser, diariamente,
quem por muitas vezes já não conheço
tem produzido em mim um cansaço infindo...

Ter que ser tem-me feito
perder chaves ou usá-las por demais
Esse cansaço, esse cansaço
não respeita o sono,
não reconhece o colchão
Usa por demais os verbos da exatidão
Esse cansaço, esse cansaço...

As paredes parecem cada vez mais distantes,
as cadeiras escondem-se sob as mesas...
Esse cansaço põe-me sempre de pé
Esse cansaço, esse cansaço, esse...