11 de abril de 2011

Frio

A porta fechou antes que a luz acendesse,
antes que a mão tocasse a chave.
E lá dentro, perdeu-se o mundo...
Nunca mais houve notícia
do quarto onde a velha máquina descansava,
da sala e seu perfume ,
do sofá  vermelho, já puído,
do vaso em flor, do lume.
Perdeu-se o mundo,
quando a porta recusou-se a esperar,
quando a mão não pode tocar a chave ,
quando os olhos não viram a claridade.
O mundo, o mundo lá dentro se perdeu...
Aqui fora, com um frio que não conhece cobertor,
vaga, sozinha, a dor.

7 de abril de 2011

Cortesia

Maria esqueceu seu canto...
A vida lhe é árida
Na plantação frente à porta
nada brota, nada frutifica
Da janela de Maria
não se vê cor, muito menos companhia
Mas, ela ainda sonha em ser
a eleita de uma cortesia
e ter no brilho da panela que lava
o reflexo mais que perfeito da sua alegria.

Partidas

Os sapatos,
os sapatos
já não me são mais confortáveis
e assim, têm mudado o meu jeito de caminhar

Os óculos,
os óculos
não mais me favorecem ver o horizonte
e, então, tenho vivido de ver ao redor. E só.

Os casacos,
os casacos
já estão com as mangas curtas
como se quisessem tirar de mim
o prazer de me aquecer
então, fico longas horas juntando folhas
para garantir que o outono não irá partir.

A casa,
a casa,
a vida,
a vida...

Poeminha de amor a chuva

Gosto de dias chuvosos...
Parece-me que tenho a alma lavada
Gosto de nuvens pesadas
porque percebo que não carrego quase nada.
Gosto de trovões porque silenciam a minha fala
Mas, os raios...
Deles tenho receio,
pois, chegam sempre antes
do som que produz o meu medo.