1 de março de 2012

Os remendos

Há muito tempo não tenho o prazer
de costurar em um tecido novo
Vivo de remendos.
De fazer incontáveis disfarces
no pano já roto
Olho a mesa de costuras
com sua madeira velha,
a tesoura pousada sobre a almofada de cetim azul...
Tão gasto...
Alfinetes e agulhas enferrujam por todo lado
em uma vida sem porquês
Em mim, o deserto se instala
e, pouco a pouco, tempestades de areia
cobrem o que antes era belo...
Hoje, sexta-feira, como em todos
os outros dias, não há novidades...
Então, ponho-me a remendar e emendar
os retalhos de uma já distante primavera...