5 de abril de 2014


Há um porque para a trama da renda,
para o vazio da fenda
Há sabedoria na doçura e no fel,
na dimensão amorosa do anel
Há que se preze a ausência
e a urgência que solicita a escrita à solidão do papel
Versa a colher para o chá,
reconhecendo a necessidade de amar
Versa a água e o sabão pela brancura do chão
Versa o trigo e a fome na urgente necessidade do pão
Clama a delicadeza pela mão, escondendo-se da acidez do limão
Sussurra o verbo e o querer por que é natural ao que ama buscar ser
Estende-se o varal, alonga-se a sombra, espreguiça-se a vida...
Em algum canto tintas pintam tecidos desejosos de cobrir amores,
revestir de viços cirandas e meninas,
afastando para longe a poeira que esconde a profusão inebriante das cores.