6 de outubro de 2014


Escrevo riachos na ânsia do mar
e quando as ondas batem nas rochas,
eu poemo areias.

Foi assim simples
como alvejar o que já é branco,
como adoçar os que anseiam pelo mel.
Foi assim, assim simples como regar
a terra que se dispõe a rio,
como bordar o tecido vazio de cor,
como temperar o que ainda não possuía sabor.
E como tudo era simples e como tudo desejava,
a vida por si só se aquietou,
como se aquietam nos livros que dormem

as palavras cansadas.




1 de outubro de 2014


Era cedo ainda.
Bastava-me observar as meadas
que ansiavam por colorir o tecido.
Era cedo ainda.
Satisfazia-me o rio enquanto
não tinha desejos plenos de mar.
Era cedo ainda como a neblina,
como a ausência  do sol,
como a linha sem a agulha.
E como era tão cedo,
eu desconhecia as palavras que dormiam
no caminho morno das frases intactas.

Era, era cedo ainda.