18 de agosto de 2011

O querer

Foi assim que quis a rua:
ser só em plena madrugada
Foi assim que quis o vento:
fazer curvas beirando os montes
Foi assim que quis o tempo:
perder-se, tornar-se nebuloso,
esquecer para esquecer-se...
Foi assim que quis quando tudo
parecia nada mais desejar...

2 de agosto de 2011

Nem tanto

A vida estendia-se por sobre o quintal
assim como quem nada quer...
Na quietude das manhãs fazia-me rir
enquanto pintava de vermelho o verde das maçãs
Por vezes, ela me invadia no intuito de agradar
Era nesses momentos que eu me encolhia
como se dissesse a ela: nem tanto, nem tanto...

1 de agosto de 2011

Em fios

Fui desfiando-me de modo tão sutil
que quem estava ao meu lado não notou
O último fio desprendeu-se do centro
como a luz da vela quando extingue seu alimento
Deixei compridos fios por tecer
sobre a feitura da cortina da noite
Com eles faria, ainda, emendas
revelando, talvez muito tardiamente,
os segredos do desenrolar da luz do dia.