19 de agosto de 2013

No princípio do sereno
quando ainda nem é manhã,
o rio segreda desejos
de conhecer outras curvas,
de carregar outras sonhos
em barcos récem feitos
por mãos sedentas de mar.
Quando o sereno já é quase sol
e há um vislumbre de peixe
na traição do anzol,
o rio percebe-se sonho
e acha a velha curva bonita
como se nunca a tivesse contornado...
Tudo, então, é desejo e paixão líquida
prontos para ser refeitos
nas horas de outas primeiras manhãs.
Tenho desejos de ir
e espreito as possibilidades:
a barra do dia, a renda da noite,
o frio, o riso, o açoite...
Você resolve tudo
quando me acena com ofertas de calor...
Aí, então, o rio é pequeno,
o barco é seu aceno
no pequeno espaço do ancoradouro
ao qual chamo de amor.