17 de abril de 2012

Laço

Eu sei quando você vem...
Dona do meu destino,
regente do que ensino,
mestra do que ainda nem sei
 A porta sempre aberta,
a caneta já a mão
Manda que eu obedeço,
semeia que eu já floresço,
insinua que eu dou a mão
Meu nome não é o que conta,
eu sou apenas uma conta
no rosário do teu coração
Pede que eu refaço,
manda que obedeço,
Chega sem marcar a hora
estabeleça-se sem demora
Dita a palavra e dê a rima
Eu sou a linha
Não permita o meu desalinho
Conduza-me,
leva-me à calmaria,
pois, és o rico bordado ao qual chamo POESIA.

Encaixe

Queria saber,
mas, juro que não sei
Não me encaixo,
não me acho como acham vocês
Se o sol se põe,
já é madrugada no meu tempo
Se chove e você se cobre com as telhas da varanda,
eu já me encharquei e me sequei
Quando o sal é ainda pitada,
eu há muito me salguei
Juro que não sei
Não me encaixo,
não me acho como acham vocês.

11 de abril de 2012

Resquícios

Quando eu era menina
as frutas eram mais doces
Choviam esperanças
enquanto as janelas respiravam
Nos vestidos haviam
botões de quimeras
As palavras sorriam encantos...
Quando eu era menina
bebiam-se gentilezas,
falavam-se doçuras
No tempo dos jardins,
dos perfumes e afins
No tempo dos quintais,
das flores dos laranjais,
das brincadeiras mais brejeiras
Uma época de melados
que hoje vive em guardados,
potes de infância verdes e carmim 
Resquícios de menina,
conservas de mim. 

2 de abril de 2012

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O tempo fechou em mim,
o sol anda longe...
É noite alta,
estou tarde da noite.