7 de fevereiro de 2015

Carrego cantos de passarinhos nunca ouvidos
Repousa sob a sombra um verso cansado,
mas pronto ao chamado do serviço
Corre por entre as mãos uma seda antiga
desejosa de vestir ensaios de vida
Está pronto o alimento da palavra. Ele é recheado de brisa
Os olhos possuem asas e desconhecem gaiolas
Nas tardes, quando tudo é partida, os pés têm sede de verdes
e desbrava os desafios da distância em busca da umidade das florestas
O rio cuida e acaricia seu leito. Nada irá magoar a terra...
Possuo a cana de açúcar nas sílabas e afago o mar com o sal
Nada irá desrespeitar a água, nada irá represar o curso do que é natural
Principia a tarde e com ela mormaços que anunciam um vendaval
Costuro flores ao tecido cotidiano para não dar adeus a primavera
Há perfumes elaborados com a seiva do querer.
Os lençóis estão impregnados de leituras
que correm para os vizinhos quando da partilha humanitária dos varais
Tenho o cansaço dos nômades e a paz dos monges
Ouço chamados do campo e semeio plantações.
Colho o trigo, mas não tenho o desejo do pão,
encanta-me, tão somente, a possibilidade de vê-lo poema
Da varanda repleta de vontades desenho pontes com a madeira do passado e vislumbro alfabetos de futuro
Tenho aventais de chuva e cortinas de rendas que acenam para a rua
Na infância da noite adormeço desilusões e rego pequenas promessas de sorrisos.
São brotos, minúsculas sementes que ensaiam felicidades
Na parede da casa as idades se perdem e a essência ganha vida.
Vou tecendo o amor com meadas de delicadezas.
É cedo ainda.
Há um cheiro de sabão e limpeza. A vida lavou a roupa.
Desligo a música do dia e busco uma colcha de sonhos
Tudo é quietude e paz.

E no dicionário vejo sucumbir a palavra JAMAIS .

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